quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Dias de sol e dias de chuva

Havia sempre uma coisa não falada, uma vontade de ficar junto e de saber como estavam. Mas esses dois nunca conseguiram se acertar... Não sei ao certo o motivo desses desencontros, mas sei que sempre se desencontraram! Talvez a insegurança, medo do incerto, só se sabe é que o próprio rumo da vida acabou afastando os dois.

Mas foram muitos dias de sol!!!
Eles se conheceram ainda meninos. Mal sabiam escrever. Mesmo assim ele escreveu uma cartinha apaixonada para ela, pedindo-a em namoro. Ela aceitou, mas como sempre na vida desses dois, não durou muito... Mas ela guardou a carta por quase uma década, até o dia em que um namorado ciumento encontrou a cartinha e o único modo de parar uma briga foi jogar no lixo a carta mais linda e sincera que ela já havia recebido. Nesse dia choveu...
As histórias deles parecem tiradas de um filme romantico. O primeiro beijo que deram, em um bailinho na casa da avó de um amigo em comum, foi aplaudido, todos que estavam dançando pararam para ver os dois se beijando.
Ele também já fez a cena do mocinho apaixonado que corre chamando sua amada em uma noite estrelada e quente de verão (só não me lembro se eles se beijaram quando se encontraram... O mais certo é que teria um beijo para "fechar" a cena!).
Continuaram sempre juntos, estudaram juntos por uns 6 ou 7 anos, na mesma sala. No começo da adolescência namoraram mais uma vez, e dessa vez teve muitos beijos, mas também acabou logo. Acho que ela tinha vergonha de assumir que amava um menino cujo apelido não era nada ortodoxo... Nunca entendi o motivo de tanto desencontro no meio de tanto romance!
Ele odiava inglês e ela adorava. Como os dois estudavam na mesma sala, era de se esperar que ela passasse cola para ele nos dias de prova. Mas um dia a professora resolveu separar os dois, cada um em um canto da sala, mas nada poderia detê-los!!! Ele pediu a borracha dela emprestada:
- Me empresta a borracha?
-Deixa de ser folgado e vem pegar!
Então ele levantou da sua carteira, com a prova na mão, e atravessou a sala de aula. Pegou a borracha e trocou de prova com ela! Pela primeira vez ela não foi a primeira aluna a entregar a prova, já que teve que fazer duas! Talvez a professora tenha visto mas preferiu não falar nada ou talvez nem percebeu a troca!
Outra vez, não me lembro o que era, mas estava tendo gincana na escola deles e ele montou uma banda e dublou uma música. Ele olhou para ela o tempo todo em que cantou. Ele vestia uma camisa preta e chapéu de cowboy, ela estava com o uniforme da escola. Coisa de cinema!!! A música? Ah.... A música tinha tudo a ver com a história deles:



"Você sempre fez os meus sonhos
Sempre soube do meu segredo
Isso já faz muito tempo
Eu nem me lembro quanto tempo faz
O meu coração não sabe contar os dias
A minha cabeça já está tão vazia
Mas a primeira vez
Ainda me lembro bem
Talvez eu seja no passado mais uma página
Que foi do seu diário arrancada
Sonho, choro e sinto
Que resta alguma esperança
Saudade, quero arrancar essa página
Da minha vida"
(Saudade, Christian e Ralf)

Mas a vida é cheia de dias de chuva também...
Ela o fez sofrer com sua insegurança e com muitos "nãos"... E depois de tanto amor desperdiçado, ela mudou de cidade. Eles mal se viram por muitos anos. Mas ela nunca esqueceu o dia do aniversário dele e acho que não houve um dia em que eu a ví em que ela não se lembrasse de pelo menos uma das muitas histórias que passaram juntos.
Depois de muitos anos sem se ver eles se reencontraram e uma amiga dela a advertiu:
-Ele não é mais o mesmo! Anda metido em coisa pesada! Não se engane!
Ganhou a aposta quem disse que ela nem ouviu a advertência da amiga e cedeu aos encantos do príncipe de camiseta branca e calça jeans! Mas desta vez durou apenas uma noite, pois as coisas não deram muito certo, a amiga tinha razão...
E a vida seguiu seu rumo, cada um a seu modo. Ele não insistiu e ela não o procurou mais. Ela casou, teve um filho, e vive sonhando com filmes de amor. Ele fugiu de casamento até o dia em que achou uma moça que domou o touro e laçou o cowboy. Então ele casou, porque casar é bom, e foi conhecer o mundo.
Talvez tenham se falado novamente, talvez não. Talvez nem se amem mais...
O que sei é que hoje, na minha vida chata de adulta, morro de saudades daqueles dois e do amor que sentiam um pelo outro. Sinto falta dos olhares, das risadas de quem não tem preocupações e dos dias de sol!
Já faz tempo que não a vejo. Simplesmente não sei mais deles mas espero que um dia eles se reencontrem, nem que seja só para rirem das histórias que eles tem para contar, pois histórias de amor devem sempre acabar com dias de sol!

FIM

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