quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Anjo

É preciso que eu te ame assim, platonicamente
Assim de longe como quem admira um anjo num altar
Pelo menos por hora, até que eu volte a ser leve
E ouvirei teus lamentos, teus sonhos, tuas histórias, tua voz
Estão todos guardados no meu peito.
E teu cheiro sempre haverá de habitar meu mundo
Eas lembranças dos teus beijos sempre me despertarão meu sorriso
E teu sorriso, tímido e cheio de luz, sempre preencherá o vazio que me assola a alma
Por hora te amarei de assim, de longe
Pra não estragar teu jardim de flores tão lindas
Com as pedras que carrego no peito
Platonicamente, de forma pura
Que é a forma da alma tua
E mais que isso que isso não te prometo
Porque nasci no avesso
longe demais pra ser sua
Teu mundo já não habito
Porque sou cinza, não tenho cor
Mas um dia quem sabe eu volte
Porque parte de mim morre nesse adeus
Porque não sei se consigo viver sem os carinhos teus.

Reencontro comigo

Essas duas últimas semanas minha vida deu uma agitada, em parte por eu ter pedido por mudanças mesmo sabendo que as mudanças na minha vida nunca surgem como brisa leve e sempre como um vendaval.
Semana passada me vi perdida em meio a uma imensa tempestade de sentimentos antigos que voltaram a tinha e sentimentos novos, que eu nunca imaginei ter...
Medo, angústia, decepção e feridas abertas que eu fingia não ver me fizeram desabar.
E então você surgiu, leve, feito brisa do mar, me abraçando e, no silêncio da praia, me ouvindo e me acalmando sem precisar dizer uma única palavra. Silenciosamente me amando...
E isso foi tão bom que me deixei ficar por um tempo de olhos fechados, fingindo que o mundo e tudo o que me assustava já não existia mais. E me deixei levar, segurando sua mão. Sua mão foi o que me manteve em pé no meio do vendaval. E assim, como quem não tem medo de nada, fomos passear no seu mundo, um mundo cheio de amor, deixando a dor amenizar pra que eu pudesse tratar.
Agora me sinto forte para poder prosseguir no vento e, quem sabe, dessa vez me encontrar.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Notícias

Confesso que ainda espero um telefonema seu.
Não sei bem se espero, se desejo ou se apenas sonho com esse telefonema ou se todos esses sentimentos são a soma do que se transformou a minha alma desde o dia em que te conheci.
Espero um telefonema daqueles em que a gente passa um tempão conversando, mexendo no cabelo enquanto fala e que na hora de desligar fica brigando em tom amoroso pra ver quem desliga primeiro.
E, enquanto espero, tudo isso me parece "ridículo" já que todos os seus atos e palavras são para me ignorar.
Mensagens não respondidas, acesso as suas mídias sociais bloqueados... É óbvio que tudo o que você quer de mim é a mais pura e simples distância.
E surge outra dúvida: aquele mês que você sugeriu era pra eu tentar te esquecer ou era pra você tentar me esquecer?
Às vezes parece que já não importa mais quem eu sou e o que eu sinto, virei estorvo, pedra no sapato, algo que precisa ser esquecido.
E talvez por isso eu ainda espere um telefonema seu. Porque o contrário do amor não é o ódio já que no ódio investimos tanta energia quanto no amor.
O contrário do amor é a falta de investimento de energia, é a indiferença.
E é por isso que ainda espero um telefonema seu.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Mentiras e invenções me enjoam...

Carta aos desmemoriados,
Ano: 1993
O sociólogo Herbert de Sousa, conhecido como Betinho (irmão do Henfil, cartunista) funda a ONG Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, fundada pelo sociólogo a partir do Movimento pela Ética na Política. Em 1993, ele lançou o programa Ação da Cidadania, tendo como objetivo a mobilização de todos os segmentos da sociedade brasileira na busca de soluções para as questões da fome e da miséria.
Ano: 1995
Criado o programa Comunidade Solidária pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Tal programa visava o atendimento aos direitos básicos da cidadania e previa ação conjunta de órgãos federais, organizações não-governamentais, governos estaduais e municipais e o envolvimento da população para a efetivação do programa denominado Comunidade Solidária.
Esse programa fazia parte da Rede de Proteção Social que consistiu na junção de diferentes programas de cunho social que coordenavam esforços voltados à assistência da classe brasileira mais carente, definida a partir de parâmetros de renda e constituição familiar, tendo início no governo de FHC, ainda em 1995, como forma de redistribuição de renda e combate a pobreza, viabilizando o desenvolvimento social, tanto de forma imediata, como mediata, agindo progressivamente. Era como "ensinar a pescar ao invés de dar o peixe".
Foi desativada no início do governo Lula, sendo alguns programas incorporados ao Fome Zero.

Ou seja: o mundo não começou com Lula e muito menos as ações sociais. Entreguemos os Louros a quem merece: Dona Ruth e Betinho.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A banalização do Mal

Escola Paulista de Psicanálise

Resumo da Jornada Científica: A banalização do Mal

Aluna: Neisa Castells Fontes

O mal que nos habita
1.    Introdução
As idéias aqui descritas, formadas com base nas palestras sobre a banalização do mal, da Escola Paulista de Psicanálise, possuem o intuito de compreender os motivos dos agressores, já que o que se passou com os agredidos é de compreensão inatingível.
Entender não significa aceitar. O entender tem como princípio básico a busca da causa para então procurar, e com sorte encontrar, soluções e possibilidades de evolução.
2.    Holocaustos, a subjetivação do outro e o mal estar na cultura
A subjetivação do outro sob a forma de genocídios é, infelizmente, muito antiga na história da humanidade. O maior, em números de mortos, data do início do século XX, na Turquia. Mas é provável que outros ocorreram antes, com poucas ou nenhuma fonte de dados.
“Em princípios de 1915 o Comitê de União e Progresso, em sessão secreta presidida por Talat, decide o extermínio dos armênios. Participaram da reunião Talat, Enver, o Dr. Behaeddin Shakir, Kara Kemal, o Dr. Nazim Shavid, Hassan Fehmi e Agha Oghlu Amed. Designou-se uma comissão executora do programa de extermínio integrada pelo Dr. Nazim, o Ministro da Educação Shukri e o Dr. Behaeddin Shakir. Esta comissão resolveu libertar da prisão os 12 000 criminosos que cumpriam diversas condenações e aos quais se encarregava o massacre dos armênios.” Mewlazada Rifar1
Entre 1894 e 1923 mais de dois milhões de cristãos perderam a vida no Império Otomano, sendo que as causas, formas como ocorreram e consequências ainda são motivos de controvérsias, dependendo de quem “conta a história”.2
Uma viajante alemã escutou o seguinte de uma armênia, em uma das estações do padecimento de um grupo de montanheses armênios:
“Por que não nos matam logo? De dia não temos água e nossos filhos choram de sede; e pela noite os maometanos vêm a nossos leitos e roubam roupas nossas, violam nossas filhas e mulheres. Quando já não podemos mais caminhar, os soldados nos espancam. Para não serem violentadas, as mulheres se lançam à água, muitas abraçando a crianças de peito.”1
Estima-se que 6 milhões de judeus foram mortos no Holocausto, entre 1939 e 1945. Em Dahfur estima-se que entre 50 a 450 mil pessoas entre 2003 até a presente data tenham morrido, sido exterminadas.1
Mas o que causa tanta morte? O que realmente leva um ser humano a tentar exterminar uma raça inteira? Qual o motivo de tamanha violência?
A palavra estrangeiro contém a raiz grega xenos e exprime o desprezo e a estranheza suscitados pelo que se considera estranho, alheio, bárbaro e indesejável. O preconceito é a parte inconsciente da ideologia da sociedade que justifica a discriminação, a separação e a exploração de um grupo por outro. Racismo e ódio pelo estrangeiro implicam a impossibilidade de se desenvolver sem desvalorizar, excluir e odiar os que são diferentes. Atribuir traços indesejados ao outro provém da necessidade de proteger a coerência da própria imagem. O ódio racista dá lugar ao ódio pela cultura, costumes, tradições e religião do outro. Sem dúvida, há forças libidinais ligadas ao outro que permitem a integração dos estrangeiros nas sociedades. Simultaneamente ao desenvolvimento do racismo moderno, surge uma descoberta etnológica de grande importância que confirma o mito adâmico que propõe uma única origem para a humanidade.3
A primeira questão que ocupa o ser humano é a auto preservação e um método para “driblar” as imperfeições individuais é viver em grupo, onde a destreza de um supre a limitação do outro. E em todas essas histórias de genocídios citadas acima temos um estado contra uma minoria, estrangeiros como a definição de Cereijido3, um perigo para a integridade da nação. Os dois primeiros casos, genocídio armênio e judaico, foram anunciados. O primeiro pelas inovações políticas do governo dos Jovens Turcos que pregavam uma Turquia para os turcos e o segundo pela Política Racial da Alemanha Nazista e acordos e leis subsequentes. O terceiro foi levado por uma região inóspita, de difícil sobrevivências e guerras sequenciais. Todos, porém, com um mesmo propósito: eliminar o perigo que o “estrangeiro” provoca.
Todos os genocídios possuem como característica principal a desumanização do “estrangeiro”. Grupos divididos em privilegiados e não privilegiados, onde é aceitável que os privilegiados oprimam os não privilegiados. Sociedades divididas em grupos onde compaixão, empatia e solidariedade não possuem espaço. Onde esses valores são perseguidos como sendo de pessoas fracassadas e vencidas. Onde os até os pertencentes ao grupo dos não privilegiados não as possuem, pois lutam para sobreviver. Onde o individual aniquila o coletivo, tornando o eu mais importante do que o outro.
Para desumanizar nada pode fazer sentindo, pois o ser humano, para se constituir um indivíduo deve ter um sentido à vida. É mostrar objetos que não podem ser usados, por mais que se necessite deles, reduzindo indivíduos às suas necessidades humanas básicas, homens passam a ser fome, sede, frio, sono...
2.1.        Sobrevivendo à desumanização
Não se questiona, não se tem esperança, não é permitido imaginar um furtuto. Isso enfraquece o homem e o torna mais distante de manter-se vivo.
É necessário se adaptar ao meio, é necessário, antes de mais nada, ter sorte de estar no lugar certo e na hora certa. A sorte, algo tão distante da nossa capacidade de controle. Não se sobrevive. Não como um indivíduo.
3.    A violência como sintoma contemporâneo
No Brasil os dados estatísticos apontam para cerca de 800 mil cidadãos morreram vítimas de armas de fogo entre 1980 e 2010. As causas ficaram assim divididas: acidentes-14.764, suicídios- 34.052, homicídios- 670.946 e causas indeterminadas- 79.464.4
O números de homicídios é assustadoramente mais elevado, ficando atrás somente das causas indeterminadas. O que nos leva a pensar nos motivos que provocaram essas mortes, na causa do desejo de acabar com a vida do outro. Seriam as diferenças, o “estrangeiro”? Seria a agressividade inerente a todo ser humano? Seria a despersonificação do outro?
A grande possibilidade é que a causa seja a união de todos esses fatores. O outro, ao ser diferente, torna-se uma ameaça ao meu eu. Sendo diferente do que sou se torna “não humano”. Sendo não humano eu tenho permissão para descarregar minha agressividade nele e me livrar da ameaça.
Assustador por ser tão possível, tão corriqueiro. Mas o que fazer para evitar esse ciclo? Melhor: como nós lidamos com o que nos é estranho? O que fazemos com a nossa inerente agressividade?
“É que Nariciso acha feio o que não é espelho/ e a mente apavora o que ainda não é mesmo velho (...) E foste um difícil começo/ afasto o que não conheço” (Sampa, Caetano Veloso)
O narcisismo pressupõe violência pois quanto mais se fecha em seu próprio mundo mais o outro se transforma em estrangeiro e mais fácil fica para transformá-lo em objeto. Um objeto sem história, reduzido a carne e osso. Isso ocorre com frequência nas redes sociais, pois lá o eu é o que importa. É muito comum ler frases que dizem que o outro é o causador de tudo o que acontece de ruim na vida de uma pessoa é culpa do outro.
As tecnologias afastam as pessoas umas das outras, as privam do convívio físico, tendo em vista que, caso eu me contrarie, não goste de algo é só sair, deletar.... Tornar um outro um objeto, jogar aquilo que é diferente do que eu acredito.
O preconceito é um regulador social a partir do momento em que o outro, o que me causa preconceito, na verdade é aquele que me lembra da minha fragilidade em resolver meus problemas.
Novamente temos aqui a diferença do outro como um risco para a fragilidade do meu ego e a falta de noção do coletivo como geradora de violência pela falta de respeito ao outro.
4.    A violência invisível
Ao se sentir iluminado, diferente do outro, já não se é mais iluminado. A separação do eu e do outro é o princípio da violência. Não somos iguais, mas somos semelhantes. Um simples olhar discriminador é um ato de violência.
Quanto mais convicções temos mais motivos teremos para sermos violentos. Não é necessário lutar pela verdade quando se vive o agora, se aproveita as experiências que esse momento proporciona, pois se entende que a verdade varia para cada indivíduo. Incluir total e completamente o outro a partir do conhecimento de que não existe o bem e o mal, assim como não existe apenas branco e preto mas uma infinidade de nuances entre essas cores. A raiva provoca uma ação violenta.
É preciso trabalhar a raiva que existe dentro de nós para responder a ela de forma não violenta. É necessário que nós tenhamos consciência da raiva que existe dentro de nós mesmos, das nossas indignações, para que possamos ser condescendentes com o outro e entende-lo. Entender que as necessidades básicas são mais profundas que valores, pois a satisfação delas é que nos torna possíveis.
Nascemos com certas características e somos modificados pelo meio e temos a possibilidade de aprender e nos tornarmos seres melhores. Não é fácil mas é necessário que se aja para que o nós seja o ganhador, que percebamos o coletivo, que não esperemos que o outro faça. Precisamos fazer ao invés de ficar resmungando reconhecendo o sagrado que habita no outro e o que habita em mim. Não é fácil mas também não é impossível.
“Para criar uma cultura de não violência nós temos que conhecer com intimidade a nós mesmos. Temos que conhecer com intimidade a nossa mente.”
Monja Coen Roshi
Referências
1.   Genocídio armênio. Wikipédia [internet] 2005-2014 [atualizado 2014; citado 2014 mar 01]. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Genoc%C3%ADdio_arm%C3%AAnio
2.    Almeida, L C S. Armênios e gregos romanos: a polêmica de um genocídio. 2013. 157 f. Dissertação (mestrado). Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. p 7. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-13112013-124311/pt-br.php
3.    Cereijido, F B. O olhar sobre o estrangeiro: The gaze on the foreigner. Ide (São Paulo), São Paulo, v. 31, n. 47, dez. 2008.   Disponível em . acessos em  01  mar.  2014.
4.    Waiselfisz, J J. Mapa da violência 2013: mortes matadas por armas de fogo. Rio de Janeiro: FLASCO, 2013. Disponível em: http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2013/MapaViolencia2013_armas.pdf


 Nota: Faltou uma palestra da jornada neste resumo.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Considerações acerca do "ser feliz"

(25/09/14)

Começa pela gramática: ser e não fazer.

É passivo e não ativo. O "ser" implica que já está pronto, não há nada a fazer.

E então a gente vai descobrindo que não é preciso fazer algo porque as coisas muito importantes já estão prontas e só esperam o momento de serem vividas. Elas acontecem na hora e no momento exato porque já estão prontas para acontecer. 

Não precisam de ajustes ou de complementos. Apenas são.

Elas ficam ali, prontinhas, esperando a gente ficar pronto.

As coisas importantes, muito importantes, acontecem com o poder mágico do sonhar.

 Aí a gente descobre que ter fé é justamente acreditar na magia, na força que sentimentos possuem. É saber que tudo vai achando seu lugar, suavemente. E que o que tiver de ser, será. Simples assim.

Então, já que não há nada fazer, resolvi esperar você estar pronto pra ser feliz comigo porque isso é uma das coisas importantes, muito muito importantes da minha vida.

Ser feliz com você!

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Saudades...

"Os meus olhos vibram em te ver
São dois fãs, um par
....
Faço as pazes lembrando,
passo as tarde tentando lhe telefonar,
Cartazes te procurando 
a aeronave segue pousando 
sem você desembarcar"
(Nando Reis)

(19/09/14)
Pro amor distante deram um nome diferente: saudade. Saudade é uma falta quase física, de algo perdido, acompanhada de dor, aperto no coração, suspiros ao lembrar da pessoa amada.
Saudades...
Tenho tido saudades do modo como você me olhava, dos seus abraços que me faziam quase desaparecer no seu peito, do modo como você me fazia rir, mesmo quando eu estava triste, do seu cheiro, da sua voz, dos seus cuidados disfarçados de "isso não é nada".
Vontade imensa de ter você por perto de novo...

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Silêncio

Hoje a minha casa amanheceu sem som, sem música. Não me lembro a última vez que isso aconteceu mas foi preciso que hoje fosse assim.
Eu ainda estou repleta de você, em meu corpo e meus pensamentos. Ainda lembro do toque suave das suas mãos passeando tranquilas sobre o meu corpo e o doce som da sua voz invadindo meus ouvidos.
Então hoje eu resolvi silenciar tudo o que há em mim, dar um tempo pra mim, pra eu poder esquecer você. Luto. E por isso hoje minha casa amanheceu sem som. Estamos de luto, eu e minha casa. Perdi você na bagunça do meu coração, no meio do meu medo de sofre e de te fazer sofrer. E de tanto procurar fiz outra bagunça, encontrei a minha dor e te dei. Você a sentiu, não gostou e se foi. E como se não bastasse perdi você de novo, como se fosse possível perder o que já foi perdido.
Num mundo onde é proibido sofrer, onde não se pode mais ficar triste, eu decidi que vou ficar de luto, vou deixar a dor cumprir seu papel. Não quero mais fugir do medo, da dor, da perda. Preciso seguir em frente! E por isso o meu silêncio, o silêncio da minha casa.
Hoje amanheci de luto e tudo o que eu peço é que me deixem sentir essa dor, para que um dia eu possa aceitá-la.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

O Sol num sorriso

O seu sorriso é uma coisa indescritivelmente linda! Adoro quando você sorri pra mim, principalmente quando esse sorriso é provocado pela minha chegada porque é como se esse fosse só meu, só pra mim, causado e provocado por mim!
Isso aconteceu há algum tempo atrás, mas não tanto quanto nos contos de amor. Eu vivia bem, até. 
Você? Ahhhhh..... Você estava no meio do mar tumultuado, no olho do furacão. Como dói!!! Como é difícil entender o breu, o amargo fim do amor!!!
Teu sorriso já era lindo, mas era triste, tinha sempre um quê de tristeza que me incomodava. Eu, muito curiosa, sempre quis perguntar o motivo dessa tristeza, mas nunca tive muita coragem... Naquela época eu era apenas uma amiga, por assim dizer. E você nunca foi muito dado a falar de você mesmo, a não ser para "fazer campanha". Ahhhhh.... Nisso você era bom! Insistente! Lembro que titubiei, disse não, mas não teve por onde, você acabou vencendo. 
Pensando bem, acho que não foi a propaganda mas sim o seu sorriso que me convenceu. Engraçado como eu sempre me senti a vontade ao seu lado, mesmo quando a gente se estranhava e mesmo na nossa primeira conversa. Sinto que te conheço de outras vidas, de outros tempos. 
Um dia perguntei o motivo pelo qual seu casamento tinha acabado e a resposta foi curta e simples "acabou porque tinha que acabar". Tudo tem um fim, eu sei, mas é que às vezes você parecia não se permitir ser feliz, porque vai acabar.
Hoje isso tudo me parece distante, começando a se cobrir com a névoa dos amores desprezados. Mas ainda assim sinto falta do sol que o seu sorriso trazia pra minha alma, alma fria de tanto gelo das desilusões dos amores acabados, abafados e deixados no caminho.
E digo assim, com meu frio, na esperança de um dia reencontrar o calor do sol.


sexta-feira, 27 de junho de 2014

Você ao meu lado

27/07- É estranho, mas hoje, ao ler a últimas das cartas que você nunca leu, senti o quanto um coração partido, o quanto a mágoa pode causar estrago. Notei a grande vontade que eu tinha de te ferir de alguma forma, mesmo que muito pouco, pois já sabia que eu nunca signifiquei muita coisa pra você. Fui uma amiga, alguém pra conversar e às vezes se ver.... Nada especial.

No entanto, quando eu estava com você eu me sentia plena, feliz, amada, livre. Você fazia isso comigo. Mas o efeito só durava o tempo dos nossos encontros. Bastava que a gente se separasse para que eu sentisse o exato oposto: triste, sozinha, presa a uma vida sem cor. Isso me assustou de uma maneira indescritível, tentei em vão me afastar mas não consegui. Até que um dia você fez isso por mim e me pediu para me retirar da sua vida... Você deu cor a minha vida. E eu? Bom, eu fui considerada insuficiente.
Ser nada magoa bastante...
Hoje ainda tenho uns momentos de tristeza ao pensar em você, sinto falta, muita falta, das nossas conversas, do teu cheiro, da tua voz... Mas não vivo mais numa montanha russa de emoções. Na maior parte do tempo estou "equilibrada", nem feliz nem triste, e às vezes acho que nem viva também, sempre aguardando algo que nunca mais vou ter: o desequilibrio que você me causava e que tanto me assustava.
Cuide-se.
xoxoxo

quinta-feira, 12 de junho de 2014

O dia em que perdi meu equilíbrio: primeira carta

04/04 Ontem o dia amanheceu muito parecido como uma quinta-feira normal, o nascer do sol estava lindo da janela da minha sala, um dia de sol estava por vir, arrumar o filho pra ir pra escola, ir trabalhar... Nada de muito especial, a não ser você, um amigo recém "adquirido" num site de relacionamento.
Nós estamos conversando há uma semana, íamos nos ver hoje mas resolvemos antecipar e nos encontramos ontem. (ansiedade kkkk)
Você me faz rir, é gentil, simpático, e possui uma qualidade intrigante: me traz conforto, aquele que só os bons e velhos amigos trazem, feito nascer do sol na praia. Nosso encontro foi muito bom mas sinto que vou me encrencar...
Essa sensação surgiu ontem à noite, quando te ví pela primeira vez, dentro do seu carro. Te ví e pensei, "Caramba! Ele é bonito! Acho que vou acabar me apaixonando". Quase voltei pro meu apartamento, pra um lugar seguro porque esse negócio de se apaixonar é complicado demais, fácil de perder meu equilíbrio tão arduamente conquistado.
Agora eu espero que você me ligue, só porque você disse que ia ligar. É.... Ansiedade.... Já perdi meu equilíbrio e não me parece que haja algo a fazer senão encarar e tentar ser feliz, dure o tempo que durar.

terça-feira, 10 de junho de 2014

A última das cartas que você nunca leu

Tentei te contar no sábado que eu não sinto mais a mesma coisa que sentia por você no começo, mas você não me deixou falar... Acho que você sabia mas não queira ouvir com todas as palavras. Tentei te contar que quando eu disse que sinto falta de amar e ser amada era porque eu já não amo há muito tempo, mas você não entendeu e em parte foi culpa minha porque quando a gente vai falar com homem tem que ser o mais objetiva possível, mas eu achei que seria muito dura.
Achei que seria duro te contar que todas as vezes que eu disse "te amo" foi apenas para rebater a sua indelicadeza ao me chamar de ridícula sem motivo. Eu nunca te amei.
Acho que também nunca me apaixonei. Encantamento, admiração e carinho são palavras mais apropriadas para o que eu sentia. Eu acreditei que poderia me apaixonar, por ingenuidade minha, porque suas atitudes rudes e arrogantes nunca deixariam que isso acontecesse.
Também achei desnecessário mencionar o fato de que você jamais seria meu amigo, não porque um dia te amei e seria muito difícil pra mim conviver com você (desculpa mas agora eu dei uma risadinha... de onde você tirou essa idéia?).Você nunca será meu amigo porque eu posso contar com cada um deles assim como eles podem contar comigo, sempre! E eu nunca pude contar com você. Descobri isso no dia em que eu perdi minha carteira com os cartões e te mandei uma mensagem, eu estava perdida e quase chorando, e você me falou do quanto você estava mal. Parei de falar de mim e perguntei de você e essa minha atitude fez com que você percebesse que você não havia nem perguntado como eu estava.

Quando eu quis romper da primeira vez você me disse em tom solene "Você é quem sabe. Quem vai perder é você!" e eu só pensei comigo "Perder o que? Você me dá tão pouco que quase não tenho nada..."

E ontem, na sua última encenação comigo, fazendo o papel de bom moço, me ví obrigada a mais uma vez omitir o que eu pensava sobre você pois percebi que sua autoestima elevada, provavelmente refletindo o exato oposto, não suportaria. Seu frágil ego não aguentaria saber quem você foi pra mim.
Tendo isso posto, quero apenas te agradecer por fazer a parte mais díficil, me libertar de você, pra sempre!
Cuide-se!

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Eu e o Freud

Esse distinto senhor da foto ao lado sempre me intrigou, mas eu nunca tinha parado para conhecê-lo verdadeiramente até o dia em que me matriculei no curso de psicanálise.
É obvio que eu já tinha tido contato com alguns conceitos, mas foi no último contato, quando eu fui estudá-lo para dar uma aula sobre suicídio é que eu me apaixonei. Fiquei com vontade de saber mais, de entender mais.
Ok... Ok... O cara não era um amor de pessoa, odiava que discordassem dele e coisa e tal, mas convenhamos, foi uma sacada e tanto falar do inconsciente e da "briga" que ocorre lá!!! Embora suas teorias não sejam tema para muitas discussões e discordâncias, elas foram a base de muitas outras e uma formas de tratar muito mais eficientes do que os eletrochoques e lobotomias. O que ele propôs?  Basicamente ouvir. Disse que  existem objetos (fatos, pessoas) que não suportamos a presença e então os escondemos no inconsciente, mas que retornam ao consciente em forma de sonhos e sintomas, fantasiados, por assim dizer. Disse também que o que nos move são os problemas e a nossa vontade em resolvê-los, que somos guiados por desejos e não por instintos. 
Mas o mais importante para os que trabalham na área da saúde: os pacientes devem ser ouvidos e que as conclusões sempre serão deles e não dos profissionais. Ao terapeuta cabe evidenciar algumas pistas que esse paciente dá ao longo de seus discursos. Principio da Autonomia: bioética! Nesses tempos tão doidos onde ética e caráter já não parecem estar mais na moda acho necessário recordá-los com frequência e usá-los sempre, diariamente.
Não somos perfeitos, mas podemos melhorar! Colocar a culpa nos outros por nossos erros, apesar de ser um mecanismo de defesa, não resolve problemas. E é bom lembrar que a função dos mecanismos de defesa é esperar o momento certo para podermos resolver um conflito e não a de ser uma solução. Esses conflitos não vão ficar guardados num porão escuro para todo o sempre. Não! Eles vão tentar vir a tona disfarçados, tentarão e lograrão êxito!
Assim sendo meus caros, eu vos digo sem medo de errar: encarem seus problemas, seus medos e seus defeitos e tentem organizar um pouco a bagunça que é uma mente humana. Vai doer, por certo, mas será gratificante no final!

Por fim, devo dizer que foi difícil estudandar e entender o pai da psicanálise em um dos semestres em que eu mais trabalhei na minha visa de professora! Mas valeu muito a pena! Suas teorias são complexas mas estruturadas e tirando uma coisinha aqui outra ali, com o devido entendimento do pensamento da época em que foram escritas, o cara é fenomenal!

Então, apesar da quase esquizofrenia causada em mim, devo agradecer, de forma póstuma, ao homem que teve a coragem de ser diferente:  Graças ao senhor e suas teorias passei a ver o mundo e a mim mesma de uma forma diferente! Pela primeira vez em muitos anos parei para me ver de verdade, só um pouquinho de mim. Parei para tentar me entender ao invés de me culpar. Parei, me ví, me entendi e me perdoei.
Obrigada Freud!