terça-feira, 17 de julho de 2007

Meu grande Albino'!!!

Matéria da Revista Istoé

Inaugurado em 1961, num raro momento de generosidade com a educação, a Escola Estadual de Segundo Grau Albino César, no Tucuruvi, bairro de classe média na zona norte de São Paulo, ocupa quase um quarteirão e tem quadras, piscina e – supremo luxo – um teatro de 300 lugares. Sucessivas crises atingiram duramente o Albino César nesses quase 40 anos. Mas o orgulho que os primeiros alunos sentiam de frequentar a escola ampla e bem equipada sobreviveu. O vínculo com a escola foi um poderoso instrumento para preservar a qualidade do ensino. O Albino César, com 2.600 alunos, é uma das melhores escolas da cidade.Dos seus 100 professores, 25 são ex-alunos e estão lá há cerca de 20 anos, ganhando no máximo R$ 1.300 por mês. Formada em Letras na USP, Neusa Pallione sentiu saudades de sua velha escola. Voltou e se tornou a coordenadora pedagógica. O professor de Educação Física Walter Gosdzinski vai completar 28 anos na escola. "O esporte ajuda a orientar as emoções do adolescente", ensina. Osmar Amaral, físico formado na USP, é outro que fez questão de voltar há 22 anos. "Na nossa época, o ensino e o professor eram muito valorizados, mas ainda sentimos prazer em batalhar pela qualidade", afirma. Alguns vieram de outras escolas e se deixaram seduzir pelo entusiasmo. O diretor Munir Tarraf, que está lá há duas décadas, é um exemplo. O outro é a professora de Inglês Edméia Wenzel, há dez anos à frente de um centro de línguas, onde qualquer estudante de segundo grau da rede pública pode estudar espanhol, francês, italiano ou alemão.
Com o fim dos exames de admissão (substituídos por sorteios), cresceram os desafios. "Recebemos alunos de todo o tipo. Os problemas de disciplina e depredação aumentaram", relata Neuza. "Temos que ensiná-los a respeitar a escola", diz Tarraf. Muitas medidas são tomadas para motivar os alunos, mas o que os conquista mesmo são os campeonatos esportivos e o festival de teatro. "Fazemos adaptações de obras dos mestres da literatura", conta Jarbas dos Santos, professor de Português.O Albino teve de atrair também os pais, que participam da APM. Administram a lanchonete da escola, cuja receita (de R$ 10 mil mensais) mantém 13 funcionários. Só com a verba do governo – cerca de R$ 19 mil no ano passado – seria difícil manter a escola, que tem até um piano alemão no palco.RITA MORAES - 18/02/1998

2 comentários:

Unknown disse...

Umas para chorar, outras para rir... acabo de ler todos os teus posts e, a cada um, você foi ficando (esses gerúndios) cada vez mais bonita!
B
JO!

Aguinaldo Gabarrão (@gabanafoto) disse...

Ler o seu artigo foi um mergulho bacana no tempo. Estudei no Albino no período de 1980 a 1983. Participei do centro cívico e do teatro, comandado pela professora Neusa Pallione. Ela também organizava o Concurso de Criatividade Literária. O diretor, antes do Munir, era o professor Antenor, um filósofo que me marcou para a vida toda, quando foi de sala em sala, para entregar a todos os alunos, um poema do dramaturgo Bertolt Brecht, no dia do trabalho. Guardo na memória os professores de história Eda e Roma, na cadeira de português, o professor Orlando, e tantos outros... Além dos inspetores de alunos, seu Mário e Florisval, lembro do Sérgio da cantina. O Albino foi marcante em minha vida por todos os professores que ajudaram em minha formação, por algumas amizades que mantenho até hoje, mas principalmente por ser o lugar onde comecei no teatro. E mesmo depois de concluir o segundo grau, continuei participando do grupo teatral "Tamo qui Tamo", até 1986. O Albino tem muita história. E todos nós ajudamos a construí-la.