quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Notícias

Confesso que ainda espero um telefonema seu.
Não sei bem se espero, se desejo ou se apenas sonho com esse telefonema ou se todos esses sentimentos são a soma do que se transformou a minha alma desde o dia em que te conheci.
Espero um telefonema daqueles em que a gente passa um tempão conversando, mexendo no cabelo enquanto fala e que na hora de desligar fica brigando em tom amoroso pra ver quem desliga primeiro.
E, enquanto espero, tudo isso me parece "ridículo" já que todos os seus atos e palavras são para me ignorar.
Mensagens não respondidas, acesso as suas mídias sociais bloqueados... É óbvio que tudo o que você quer de mim é a mais pura e simples distância.
E surge outra dúvida: aquele mês que você sugeriu era pra eu tentar te esquecer ou era pra você tentar me esquecer?
Às vezes parece que já não importa mais quem eu sou e o que eu sinto, virei estorvo, pedra no sapato, algo que precisa ser esquecido.
E talvez por isso eu ainda espere um telefonema seu. Porque o contrário do amor não é o ódio já que no ódio investimos tanta energia quanto no amor.
O contrário do amor é a falta de investimento de energia, é a indiferença.
E é por isso que ainda espero um telefonema seu.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Mentiras e invenções me enjoam...

Carta aos desmemoriados,
Ano: 1993
O sociólogo Herbert de Sousa, conhecido como Betinho (irmão do Henfil, cartunista) funda a ONG Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, fundada pelo sociólogo a partir do Movimento pela Ética na Política. Em 1993, ele lançou o programa Ação da Cidadania, tendo como objetivo a mobilização de todos os segmentos da sociedade brasileira na busca de soluções para as questões da fome e da miséria.
Ano: 1995
Criado o programa Comunidade Solidária pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Tal programa visava o atendimento aos direitos básicos da cidadania e previa ação conjunta de órgãos federais, organizações não-governamentais, governos estaduais e municipais e o envolvimento da população para a efetivação do programa denominado Comunidade Solidária.
Esse programa fazia parte da Rede de Proteção Social que consistiu na junção de diferentes programas de cunho social que coordenavam esforços voltados à assistência da classe brasileira mais carente, definida a partir de parâmetros de renda e constituição familiar, tendo início no governo de FHC, ainda em 1995, como forma de redistribuição de renda e combate a pobreza, viabilizando o desenvolvimento social, tanto de forma imediata, como mediata, agindo progressivamente. Era como "ensinar a pescar ao invés de dar o peixe".
Foi desativada no início do governo Lula, sendo alguns programas incorporados ao Fome Zero.

Ou seja: o mundo não começou com Lula e muito menos as ações sociais. Entreguemos os Louros a quem merece: Dona Ruth e Betinho.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A banalização do Mal

Escola Paulista de Psicanálise

Resumo da Jornada Científica: A banalização do Mal

Aluna: Neisa Castells Fontes

O mal que nos habita
1.    Introdução
As idéias aqui descritas, formadas com base nas palestras sobre a banalização do mal, da Escola Paulista de Psicanálise, possuem o intuito de compreender os motivos dos agressores, já que o que se passou com os agredidos é de compreensão inatingível.
Entender não significa aceitar. O entender tem como princípio básico a busca da causa para então procurar, e com sorte encontrar, soluções e possibilidades de evolução.
2.    Holocaustos, a subjetivação do outro e o mal estar na cultura
A subjetivação do outro sob a forma de genocídios é, infelizmente, muito antiga na história da humanidade. O maior, em números de mortos, data do início do século XX, na Turquia. Mas é provável que outros ocorreram antes, com poucas ou nenhuma fonte de dados.
“Em princípios de 1915 o Comitê de União e Progresso, em sessão secreta presidida por Talat, decide o extermínio dos armênios. Participaram da reunião Talat, Enver, o Dr. Behaeddin Shakir, Kara Kemal, o Dr. Nazim Shavid, Hassan Fehmi e Agha Oghlu Amed. Designou-se uma comissão executora do programa de extermínio integrada pelo Dr. Nazim, o Ministro da Educação Shukri e o Dr. Behaeddin Shakir. Esta comissão resolveu libertar da prisão os 12 000 criminosos que cumpriam diversas condenações e aos quais se encarregava o massacre dos armênios.” Mewlazada Rifar1
Entre 1894 e 1923 mais de dois milhões de cristãos perderam a vida no Império Otomano, sendo que as causas, formas como ocorreram e consequências ainda são motivos de controvérsias, dependendo de quem “conta a história”.2
Uma viajante alemã escutou o seguinte de uma armênia, em uma das estações do padecimento de um grupo de montanheses armênios:
“Por que não nos matam logo? De dia não temos água e nossos filhos choram de sede; e pela noite os maometanos vêm a nossos leitos e roubam roupas nossas, violam nossas filhas e mulheres. Quando já não podemos mais caminhar, os soldados nos espancam. Para não serem violentadas, as mulheres se lançam à água, muitas abraçando a crianças de peito.”1
Estima-se que 6 milhões de judeus foram mortos no Holocausto, entre 1939 e 1945. Em Dahfur estima-se que entre 50 a 450 mil pessoas entre 2003 até a presente data tenham morrido, sido exterminadas.1
Mas o que causa tanta morte? O que realmente leva um ser humano a tentar exterminar uma raça inteira? Qual o motivo de tamanha violência?
A palavra estrangeiro contém a raiz grega xenos e exprime o desprezo e a estranheza suscitados pelo que se considera estranho, alheio, bárbaro e indesejável. O preconceito é a parte inconsciente da ideologia da sociedade que justifica a discriminação, a separação e a exploração de um grupo por outro. Racismo e ódio pelo estrangeiro implicam a impossibilidade de se desenvolver sem desvalorizar, excluir e odiar os que são diferentes. Atribuir traços indesejados ao outro provém da necessidade de proteger a coerência da própria imagem. O ódio racista dá lugar ao ódio pela cultura, costumes, tradições e religião do outro. Sem dúvida, há forças libidinais ligadas ao outro que permitem a integração dos estrangeiros nas sociedades. Simultaneamente ao desenvolvimento do racismo moderno, surge uma descoberta etnológica de grande importância que confirma o mito adâmico que propõe uma única origem para a humanidade.3
A primeira questão que ocupa o ser humano é a auto preservação e um método para “driblar” as imperfeições individuais é viver em grupo, onde a destreza de um supre a limitação do outro. E em todas essas histórias de genocídios citadas acima temos um estado contra uma minoria, estrangeiros como a definição de Cereijido3, um perigo para a integridade da nação. Os dois primeiros casos, genocídio armênio e judaico, foram anunciados. O primeiro pelas inovações políticas do governo dos Jovens Turcos que pregavam uma Turquia para os turcos e o segundo pela Política Racial da Alemanha Nazista e acordos e leis subsequentes. O terceiro foi levado por uma região inóspita, de difícil sobrevivências e guerras sequenciais. Todos, porém, com um mesmo propósito: eliminar o perigo que o “estrangeiro” provoca.
Todos os genocídios possuem como característica principal a desumanização do “estrangeiro”. Grupos divididos em privilegiados e não privilegiados, onde é aceitável que os privilegiados oprimam os não privilegiados. Sociedades divididas em grupos onde compaixão, empatia e solidariedade não possuem espaço. Onde esses valores são perseguidos como sendo de pessoas fracassadas e vencidas. Onde os até os pertencentes ao grupo dos não privilegiados não as possuem, pois lutam para sobreviver. Onde o individual aniquila o coletivo, tornando o eu mais importante do que o outro.
Para desumanizar nada pode fazer sentindo, pois o ser humano, para se constituir um indivíduo deve ter um sentido à vida. É mostrar objetos que não podem ser usados, por mais que se necessite deles, reduzindo indivíduos às suas necessidades humanas básicas, homens passam a ser fome, sede, frio, sono...
2.1.        Sobrevivendo à desumanização
Não se questiona, não se tem esperança, não é permitido imaginar um furtuto. Isso enfraquece o homem e o torna mais distante de manter-se vivo.
É necessário se adaptar ao meio, é necessário, antes de mais nada, ter sorte de estar no lugar certo e na hora certa. A sorte, algo tão distante da nossa capacidade de controle. Não se sobrevive. Não como um indivíduo.
3.    A violência como sintoma contemporâneo
No Brasil os dados estatísticos apontam para cerca de 800 mil cidadãos morreram vítimas de armas de fogo entre 1980 e 2010. As causas ficaram assim divididas: acidentes-14.764, suicídios- 34.052, homicídios- 670.946 e causas indeterminadas- 79.464.4
O números de homicídios é assustadoramente mais elevado, ficando atrás somente das causas indeterminadas. O que nos leva a pensar nos motivos que provocaram essas mortes, na causa do desejo de acabar com a vida do outro. Seriam as diferenças, o “estrangeiro”? Seria a agressividade inerente a todo ser humano? Seria a despersonificação do outro?
A grande possibilidade é que a causa seja a união de todos esses fatores. O outro, ao ser diferente, torna-se uma ameaça ao meu eu. Sendo diferente do que sou se torna “não humano”. Sendo não humano eu tenho permissão para descarregar minha agressividade nele e me livrar da ameaça.
Assustador por ser tão possível, tão corriqueiro. Mas o que fazer para evitar esse ciclo? Melhor: como nós lidamos com o que nos é estranho? O que fazemos com a nossa inerente agressividade?
“É que Nariciso acha feio o que não é espelho/ e a mente apavora o que ainda não é mesmo velho (...) E foste um difícil começo/ afasto o que não conheço” (Sampa, Caetano Veloso)
O narcisismo pressupõe violência pois quanto mais se fecha em seu próprio mundo mais o outro se transforma em estrangeiro e mais fácil fica para transformá-lo em objeto. Um objeto sem história, reduzido a carne e osso. Isso ocorre com frequência nas redes sociais, pois lá o eu é o que importa. É muito comum ler frases que dizem que o outro é o causador de tudo o que acontece de ruim na vida de uma pessoa é culpa do outro.
As tecnologias afastam as pessoas umas das outras, as privam do convívio físico, tendo em vista que, caso eu me contrarie, não goste de algo é só sair, deletar.... Tornar um outro um objeto, jogar aquilo que é diferente do que eu acredito.
O preconceito é um regulador social a partir do momento em que o outro, o que me causa preconceito, na verdade é aquele que me lembra da minha fragilidade em resolver meus problemas.
Novamente temos aqui a diferença do outro como um risco para a fragilidade do meu ego e a falta de noção do coletivo como geradora de violência pela falta de respeito ao outro.
4.    A violência invisível
Ao se sentir iluminado, diferente do outro, já não se é mais iluminado. A separação do eu e do outro é o princípio da violência. Não somos iguais, mas somos semelhantes. Um simples olhar discriminador é um ato de violência.
Quanto mais convicções temos mais motivos teremos para sermos violentos. Não é necessário lutar pela verdade quando se vive o agora, se aproveita as experiências que esse momento proporciona, pois se entende que a verdade varia para cada indivíduo. Incluir total e completamente o outro a partir do conhecimento de que não existe o bem e o mal, assim como não existe apenas branco e preto mas uma infinidade de nuances entre essas cores. A raiva provoca uma ação violenta.
É preciso trabalhar a raiva que existe dentro de nós para responder a ela de forma não violenta. É necessário que nós tenhamos consciência da raiva que existe dentro de nós mesmos, das nossas indignações, para que possamos ser condescendentes com o outro e entende-lo. Entender que as necessidades básicas são mais profundas que valores, pois a satisfação delas é que nos torna possíveis.
Nascemos com certas características e somos modificados pelo meio e temos a possibilidade de aprender e nos tornarmos seres melhores. Não é fácil mas é necessário que se aja para que o nós seja o ganhador, que percebamos o coletivo, que não esperemos que o outro faça. Precisamos fazer ao invés de ficar resmungando reconhecendo o sagrado que habita no outro e o que habita em mim. Não é fácil mas também não é impossível.
“Para criar uma cultura de não violência nós temos que conhecer com intimidade a nós mesmos. Temos que conhecer com intimidade a nossa mente.”
Monja Coen Roshi
Referências
1.   Genocídio armênio. Wikipédia [internet] 2005-2014 [atualizado 2014; citado 2014 mar 01]. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Genoc%C3%ADdio_arm%C3%AAnio
2.    Almeida, L C S. Armênios e gregos romanos: a polêmica de um genocídio. 2013. 157 f. Dissertação (mestrado). Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. p 7. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-13112013-124311/pt-br.php
3.    Cereijido, F B. O olhar sobre o estrangeiro: The gaze on the foreigner. Ide (São Paulo), São Paulo, v. 31, n. 47, dez. 2008.   Disponível em . acessos em  01  mar.  2014.
4.    Waiselfisz, J J. Mapa da violência 2013: mortes matadas por armas de fogo. Rio de Janeiro: FLASCO, 2013. Disponível em: http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2013/MapaViolencia2013_armas.pdf


 Nota: Faltou uma palestra da jornada neste resumo.