sexta-feira, 29 de junho de 2007

Sonhei com você...

Hoje sonhei com você.
Era um dia de inverno ensolarado, como no dia em que nos vimos pela última vez. Nós não sabíamos que seria a última vez, mas foi.
Sonhei que estávamos conversando sobre a vida, como sempre. E eu te contava coisas sobre o João Pedro que você não conheceu. Contei as gracinhas que ele faz e como ele está ficando um menino bom e inteligente.Você sorria.
Te contei também dos novos velhos amigos do colegial, dos planos de fazermos uma reunião e de como o tempo muda a forma como vemos as pessoas e o mundo. Estranho como o tempo pode mudar as relações que temos. Ás vezes um amigo que costuma ser próximo fica distante e uma pessoa que você apenas sabia quem era se torna um companheiro!
Sonhei acordada! Queria poder dividir a minha vida com você e ouvir seus conselhos de novo. Lembro de uma noite na Faculdade, estávamos sentados em um banquinho de concreto, uma reunião na sala ao lado (onde deveríamos estar). Você estava me contando da namorada nova e de repente solta:
"A nossa relação é muito especial"
"Sim! A gente fala a mesma lingua!!!" (brinquei como sempre brinco quando sei que o assunto vai ficar muito sério)
"Ela tem ciúmes de ti..." ele fala e eu me calo.
"Não vamos deixar essa coisa que existe entre a gente se acabar! Nunca!"
Concordei com um aceno de cabeça. Continuamos nossa conversa. O pessoal do grupo dizia que a gente namorava! Eu achava graça! Te amava demais mas não namoravamos. Tinhamos os mesmos gostos mas com algumas diferenças: eu gostava de picolé de limão e você de uva. Eu tinah meu vício (maldito cigarro) e você tentava deixar o seu (mais maldita ainda- a cocaína). Eu tentava me livrar de uma relação doentia e você tentava arrumar uma. Eu queria amor, você queria minha companhia. Led Zepelin era o nosso único acordo, nós dois curtíamos.
Outra vez que gosto de me lembrar foi uma noite em que estávamos na sua casa. Tinhamos passado o dia inteiro juntos. Você, sentado na cama com o dorso encostado na cabeceira e as pernas dobradas de apoio para as provas que estava corrigindo. E eu lia um livro, com o dorso apoiado em suas pernas.
"Tu não queres me ajudar a corrigir?"
"Eu?!Você sabe que não sou boa em matemática!"
"A Ma me ajuda! Ela é fera! Sabe tudo!"
"Tem seus gens, deve servir pra alguma coisa!" dou uma gargalhada
"Já imaginasse um filho nosso?"(o maldito português dos "manézinhos da Ilha" às vezes lhe escapava, em Floripa quase todo mundo fala assim...)
"Você sempre disse que já tinha filhos demais. Porque isso agora?"
Pergunto sem entender ou sem querer entender. Porque você estava me dizendo isso só agora? Será que a proximidade do meu casamento te fez pensar em nós dois juntos? Passamos uns minutos em silêncio e você responde:
"Ah! Ele seria bonito como a mãe e inteligente como o pai!"
"Quer dizer que sou burra?" pergunto em tom de brincadeira mas meio brava
"Tais tola guria?! É que o guri tem de ter alguma coisa do pai!!"
Dou risada:
"Mas meu casamento está marcado! Você nunca quis nada comigo e agora que eu vou me casar você já quer logo um filho!!?"
"É que eu não entendia bem o que eu sentia..." ficamos calados por mais um bom tempo.
Eu sabia que você tinha medo de me magoar a cada recaida sua. E eu nunca tive coragem de me enfiar em uma relação com alguém tão instável como você!
Queria poder ler um livro encostada em você de novo... Queria poder ouvir você me dizendo o quanto você me amava... Queria poder ter tido pelo menos a chance de te dizer tchau, de te dar um último abraço, um último beijo... Na verdade não queria que nada entre nós fosse o último.

2 comentários:

Tininha disse...

Ain que texto perfeito!!! To chorandoo.. =/

Neisa Fontes disse...

Eu lí ontem pra minha amiga, tentei na verdade, porque não conseguia falar, as lágrimas rolaram do meu rosto sem a minha permissão... Ele foi um grande amor!